Para sempre me ficou esse abraço.
Por via desse cingir de corpo minha vida se mudou.
Depois desse abraço, trocou-se, no mundo, o fora pelo dentro.
Agora, é dentro que tenho pele.
Agora, meus olhos se abrem apenas para as funduras da alma.
Nesse reverso, a poeira da rua me suja é o coração.
Vou perdendo noção de mim, vou desbrilhando.
E se eu peço que ele regresse é para sua mão peroleira me descobrir ainda cintilosa por dentro.
Todo este tempo me madreperolei, me enfeitei de lembrança.
Mia Couto