"Não julgue os outros só porque os pecados deles são diferentes dos seus."

"Depois de um tempo, você ainda vai lembrar dessa ferida que rasgou fundo o teu peito. Mas vai saber também, que foi apenas uma página do capítulo passado. E que o capítulo que você está agora. Ah, esse sim é o mais interessante."



terça-feira, 18 de agosto de 2015


"Cara, dizer adeus à pessoas, hábitos, objetos, lugares não é fácil. Nunca foi. Às vezes pensamos que não vá acontecer conosco e, se sim, costumamos adiar o máximo possível porque sentimos como se fosse uma das coisas mais difíceis de se fazer e de se passar (ainda mais quando é algo permanente).
De repente, você se pega naquele instante definitivo e dramático com lágrimas nos olhos e um aperto no coração. Penso que é um daqueles momentos de impacto no qual nos vem à cabeça tudo o que vivemos com quem ou com o que estamos dizendo adeus.
É a pior sensação do mundo perceber que não vamos mais viver aquilo novamente ou que nunca mais (pelo menos não com a mesma frequência) veremos tudo e todos que fizeram parte dos nossos momentos. Que acabou. Fim.
E quando você sai às coisas não melhoraram, pelo contrário, esse choque é muito mais real. Somente com o tempo somos capazes de lidar, seja superando ou se conformando.
Esse tipo de adeus é consciente e cru e o mais engraçado de tudo é o fato de ele ser sempre o primeiro (às vezes o único) que nos vem à cabeça quando tratamos do tema. Aquela coisa trágica e espalhafatosa. Contudo, há também aquele adeus inconsciente e silencioso que você nem percebe chegar e se instalar ao seu lado na caminhada.
À medida que a vida segue, alguns nós se enfraquecem e, por mais que tentemos apertá-los de novo, eles insistem em se desfazer espontaneamente. Ficamos ocupados demais com outros momentos, outras aventuras e outras pessoas. Não é nossa culpa.
Sabe aquelas conversas que costumavam durar 24 horas? Agora duram apenas alguns minutos. Aquelas visitas semanais passam a ser anuais. Aquela saudade forte passa a dar lugar a uma rotina que ocupa todos os seus pensamentos. Você não procura e nem insiste mais como antes.
Aquele costume não é mais tão comum, aquele objeto vai parar na lixeira ou na caixa de doações e aquela peça de roupa vai ficando no fundo do armário. Aos poucos, muito vai sendo empurrado para fora da nossa vida naturalmente.
 O olhar simples sobre as coisas e sobre o mundo vai desaparecendo lentamente. A inocência se perde em algum lugar da infância. Os gostos há muito deixaram de ser os mesmos. Aquele antigo eu cede lugar ao novo. A verdade é que você sussurra adeus ao seu redor progressivamente, sem perceber.
Ele está em cada etapa encerrada da nossa vida. Está nos sonhos que desistimos ou naqueles que concluímos. Ele está estampado no rosto, no corpo e em cada fio de cabelo que cai. Está emoldurado naqueles porta-retratos e naqueles álbuns de família que, volta e meia, paramos para olhar. O adeus está no fim de cada dia e de cada ano.
É inegável que isso não vá acontecer com tudo e todos em nossa vida porque sempre haverá aquilo e aqueles que são permanentes.
Entretanto, esses adeuses são uma realidade em nossa porta. E sabe de uma coisa? Deixe que eles entrem e se acomodem. Permita-se dizer adeus, ame dizer adeus (seja ele de qual tipo for) e não encare sempre como algo negativo, como perda, como dano.
Costumo pensar que eles fazem parte do nosso ciclo de vida, do nosso continuo processo de (re)construção, crescimento e amadurecimento. É como um decompositor que desconstrói e rompe um pouquinho diariamente, mas que no final também está nos transformando e nutrindo.
Sobretudo, perceba que há por detrás de cada um deles uma porta que se fecha, mas também uma que se abre revelando grandes horizontes e jornadas."