"Não julgue os outros só porque os pecados deles são diferentes dos seus."

"Depois de um tempo, você ainda vai lembrar dessa ferida que rasgou fundo o teu peito. Mas vai saber também, que foi apenas uma página do capítulo passado. E que o capítulo que você está agora. Ah, esse sim é o mais interessante."



quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Morrer em vida é fatal!

Nunca esqueci de uma senhora que,
ao responder por quanto tempo pretendia trabalhar,
respondeu com toda a convicção: “Até os 100 anos”.
O repórter, provocador, insistiu: “E depois?”.
“Ué, depois vou aproveitar a vida”.
Quem viu o filme Fatal deve lembrar do professor sessentão,
vivido por Ben Kingsley, que se apaixona por uma linda
e jovem aluna (Penélope Cruz)
e passa a ter com ela um envolvimento
que lhe serve como tubo de oxigênio
e ao mesmo tempo o faz confrontar-se com a própria finitude.
No livro que deu origem ao filme (O Animal Agonizante, de Philip Roth),
há uma frase que resume essa comovente ansiedade de vida:
“Nada se aquieta, por mais que a gente envelheça”.
Essa é a ardileza da passagem do tempo:
ela não te sossega por dentro da mesma forma que te desgasta por fora.
O corpo decai com mais ligeireza que o espírito, que, ao contrário,
costuma rejuvenescer quando a maturidade se estabelece.
Como compensar as perdas inevitáveis que a idade traz?
Usando a cabeça: em vez de lutarmos para não envelhecer,
devemos lutar para não emburrecer. Seguir trabalhando, viajando, lendo,
se relacionando, se interessando e se renovando.
Porque se emburrecermos, aí sim, não restará mais nada.

(MARTHA MEDEIROS)