"Não julgue os outros só porque os pecados deles são diferentes dos seus."

"Depois de um tempo, você ainda vai lembrar dessa ferida que rasgou fundo o teu peito. Mas vai saber também, que foi apenas uma página do capítulo passado. E que o capítulo que você está agora. Ah, esse sim é o mais interessante."



sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Ainda é, mesmo quando já foi.


O amor não morre de pé. O amor morre deitado para confundir os cabelos e ousar de novo. Toda separação é um laço. Todo divórcio é um vinculo.[...] 
O amor não é de onde nasceu. O amor é natural de onde morreu. 

O sofrimento é o contrário: morre onde foi parido. Morre sem trocar de cidade. 

Mesmo que seja maltratado, estiolado, reduzido a pó, o amor volta, regenera-se com facilidade. O amor tem pele de sobra nos olhos. No amor, a pele é a córnea. 
Quem ama não é capaz de morrer por um amor, é capaz de voltar a viver por um amor.
O amor perdoa o que Deus condenaria; o amor condena o que Deus perdoaria. 
O amor é imprevisível. Não tem lógica. Torna a presença imaginada ou torna a ausência real. 
O amor cria sua própria necessidade; não é uma obrigação, é uma opção. Não se é obrigado a amar, até é possível viver uma vida sem amor, mas não é possível viver o amor sem dar a vida em troca.
O amor é encostar para dormir e ficar mais acordado ainda. 

O amor ilude, contraria, engana. É instável e machuca, abre ferimentos graves e invisíveis, confunde um pássaro com fruto e prende as patas em um caule, corta as asas como se fossem gomos, esvazia a casa, arruína a fé, cria os piores fiascos, infantiliza os joelhos, devasta o certo e o errado, inventa lugares para se esconder, quebra as lentes dos óculos, expulsa amizades, prepara escândalos, esconjura atrasos. Ainda assim é melhor do que o tédio. Ninguém se agride pelo tédio, pois ele anula qualquer vontade. 

O amor é como o rio, não deixa de barulhar represado de pedras. 

Sofrer é pouco ao amor. As lágrimas nunca serão fartas como a saliva. A saliva é a lágrima da alegria. 


Fabricio Carpinejar