"Existe uma lenda acerca de um pássaro que só canta uma vez na vida, com mais suavidade que qualquer outra criatura sobre a terra. A partir do momento em que deixa o ninho, começa a procurar um espinheiro-alvar e só descansa quando o encontra. Depois, cantando entre os galhos selvagens, empala-se no acúleo mais agudo e mais comprido. E, morrendo, sublima a própria agonia e despede um canto mais belo que o da cotovia e o do rouxinol. Um canto superlativo, cujo preço é a existência. Mas o mundo inteiro pára para ouvi-lo, e Deus sorri no céu. Pois o melhor só se adquire à custa de um grande sofrimento".
Pássaros Feridos é um romance singular. Conta a saga da família Cleary que tem início no começo do século 20, quando Paddy leva a esposa, Fiona, e os sete filhos do casal para Drogheda, uma enorme fazenda de criação de carneiros, de propriedade de sua irmã mais velha, viúva e sem filhos. Entre os 7 filhos de Paddy, encontra-se Maggie, a protagonista deste romance. Sua história é contada desde quando tem apenas 7 anos e se sente excluída pela mãe que dá preferência aos filhos homens, até o final de sua vida como Senhora da enorme fazenda de Drogheda. Entremeando esses acontecimentos, está o proibido amor de Maggie pelo ambicioso padre Ralph de Bricassart. Uma história de amor fantástica, envolvente, forte e significativa. Sem dúvida um amor que sobreviveu a distancia, aos sofrimentos, as ambições e tragédias humanas. Um amor verdadeiro, sem igual. É impossível não se envolver com a personagem Maggie. De criança à senhora. De menina à mãe.
Encontrei por acaso o livro num sebo hoje e não resisti, vou reler, li quando tinha 14 anos e mais algumas vezes até que o livro que eu tinha se perdeu.
Leitura recomendadissima!
“O pássaro com o espinho cravado no peito segue uma lei imutável; impelido por ela, não sabe o que é empalar-se, e morre cantando. No instante que o espinho penetra não há consciência nele do morrer futuro; limita-se a cantar e canta até que não lhe sobra vida para emitir uma única nota. Mas nós, quando enfiamos os espinhos no peito, nós sabemos. Compreendemos. E assim mesmo o fazemos. Assim mesmo o fazemos.”