Posso reacender mais um lume e acreditar nesse céu interno provisório como se não houvesse, entre nós, uma fase tão confusa. Posso falar de uma alegria rasurada e dizê – la só com os olhos como se não soubesse do cansaço daquele sorriso. Posso esmiuçar distâncias com um fio de pensamento e dissolver o desapego num abraço. E posso desatar as circunstâncias mais sisudas, só porque não me encaixo neste novo tumulto. Posso tanto, tanto, porque tenho uma prece simplificada. Talvez amanhã ou, em qualquer outro silêncio, algum susto me desajuste. Mas, hoje não. Há muito barulho lá fora.
([...] Hoje, acordei para dentro. E não pretendo descer agora.)
Priscila Rôde