"A gente sempre teve tempo pra pensar em tudo. A minha justificativa sempre adornou o erro sem deixar rastros, sem romper com a nossa cumplicidade imatura. Nunca pude diminuir a sua confiança porque nunca esperei por ela, apenas conquistei aquela terra. Cada um vivia com a sua poesia debaixo do braço, impossível de ser removida. (Sabemos que este meu caminho não pode ser adulterado ou consumido por suas malícias). Depois o meu mundo grudou no teu umbigo com uma rapidez que eu não pude notar. Hoje, distante, você ainda está comigo, impregnando as dúvidas. Você não me deixou dizer que aquele desabafo não era seu. Não me deixou dizer que aquela despedida não te vestia. Você não me deixou. Você foi, simples e inevitavelmente. Quase não senti o sopro dos seus passos, quase não vi você.
Sei que a tua alma tem a necessidade de conhecer o abraço de cada destinatário. Esse texto é só mais um desfecho acostumado, uma frase que não sabe ser feliz: "deixo você ir e, por um momento, espero que não volte". Espero que não."
Priscila Rôde