"As rosas silvestres têm um mistério dos mais estranhos e delicados: à medida que vão envelhecendo vão perfumando mais. Quando estão à morte, ja amarelando, o perfume fica forte e adocicado,[...[ Quando finalmente morrem, quando estão mortas, mortas - aí então, como uma flor renascida do berço da terra, é que o perfume que se exala delas me embriaga. Estão mortas, feias, em vez de brancas ficam amarronadas. Mas como posso jogá-las fora se, mortas, elas têm a alma viva?
-Era assim que eu queria morrer: perfumando de amor. Morta exalando a alma viva."
(Clarice Lispector / 10-12- 1920 — 9 -12- 1977)