"Eu quis compartilhar em vão o que eu tinha de mais solitário e só então pude compreender o que realmente é a solidão. Eu quis dividir o amor mais genuíno e só então descobri quão absolutamente é somente meu o que sinto. Eu quis me alegrar num momento de pura angústia para perceber que não se banaliza certos desconfortos. Eu quis esticar uma tristeza a perder de vista para entender que sentimentos também têm a hora de esgotar seu prazo. Eu quis amar num momento em que o Outro não queria ser amado por mim. Eu quis estar só quando o Outro quis amar somente a mim. Eu quis coisas que não pude obter, eu quis evitar emoções que não pude conter. E quiseram de mim o que eu não tinha ou queria dar. Então, não há do que reclamar: sou grata pelo sido, pelo ido, pelo que vingou e pelo que não tinha que acontecer.
“Sobrevivida”, fôlego novo, pronta para uma nova narrativa."
Marla de Queiroz